Projetos da Bovespa- Movimentando o mercado de opções

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Enfim começam projetos para melhorar ou esclarecer o mercado de opções no Brasil. Não sei se é limite intelectual- porque financeiro não é- grandes empresas, em seus setores financeiros e de investimentos, não trabalham com opções. Não se pode falar de risco nos derivativos de ações ao se comparar com os riscos muito maiores em grandes montantes aplicados em forex e outras transações com contratos futuros em moeda estrangeira. Assim, não há dúvidas que nossos financistas vinculados a grandes corporações não tem intimidade com opções; um ótimo negócio para hedge e, ao contrário que se pensa, controle de risco de operações em renda variável. Detalhes na reportagem do JORNAL VALOR ECONÔMICO de hoje (22 de dezembro de 2009).

Bovespa prepara formador de mercado para opções de ações a fim de dar maior liquidez para esses ativos.

Novos projetos à vista


    Por Daniele Camba, de São Paulo
    22/12/2009 (Jornal Valor Econômico)

A Bovespa está preparando uma série de medidas que devem ser anunciadas ao longo do ano que vem com o objetivo de estimular o mercado de ações. Uma das que já estão em discussões mais adiantadas é a criação de formadores de mercado para opções (direito de comprar ou vender um ativo por um determinado preço em uma data previamente estabelecida) de ações. A ideia é aumentar a liquidez das opções que, com exceção das de Petrobras e Vale, hoje é praticamente inexistente.

O formador de mercado é um agente contratado para garantir um mínimo de negócios, assegurando que o investidor encontrará comprador e vendedor para os ativos quando quiser negociá-los. Num primeiro momento, a bolsa pretende ter formadores de mercado para as opções dos papéis com as maiores participações dentro do Índice Bovespa, como Bradesco, Itaú Unibanco, Gerdau, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a própria BM&FBovespa. "É importante termos opções líquidas de papéis que também já tenham boa liquidez", disse ao Valor, com exclusividade, o diretor de renda variável da BM&FBovespa, Júlio Ziegelmann.

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Apesar de o Brasil ser o terceiro maior mercado do mundo em opções de ações - atrás apenas das americanas International Securities Exchange (ISE) e da Chicago Board Options Exchange -, o volume nunca foi diluído entre vários papéis. Antes da privatização, as opções de ações da Telebrás concentravam os negócios. Após a privatização, essa liquidez migrou para as opções da Oi (ex-Telemar). E hoje, com a perda de participação da Oi dentro do Ibovespa, o giro se divide entre as opções da Petrobras e da Vale.

Por mais surpreendente que pareça, já que o mercado de opções é mais sofisticado, as pessoas físicas respondem pela maior parcela dos negócios. Em novembro, elas representam 69,43% do giro de negócios com opções. Ziegelmann acredita que grandes investidores de ações poderão atuar como formadores de mercado. Entre eles estão os chamados "high frequences" - investidores que fazem grandes volumes de operações - e os "algotraders" - um sistema que permite fazer os mais diversos tipos de operações de arbitragem no mercado.

"Eles são grandes investidores que têm todas as condições de serem formadores de mercado", diz o diretor da BM&FBovespa. Alguns desses grandes participantes já foram inclusive sondados e se mostraram interessados pela proposta, afirma Ziegelmann. Ele afirma que mesmo investidores estrangeiros poderão atuar como formadores. A bolsa também está estudando uma forma de esses investidores terem algum tipo de benefício na aquisição das ações que darão lastro às opções das quais serão formadores de mercado.

Mesmo para esses grandes investidores que não se tornarem formadores de mercado, a Bovespa analisa um modelo de tarifas menores tanto de negociação quanto de liquidação. No entanto, isso será válido apenas para aqueles que realmente fecharem um volume alto de operações. "Muitos desses investidores colocam milhares de ordens, mas fecham um pequeno número delas; esses precisam ser punidos, já que ocupam muito da capacidade tecnológica da bolsa para fechar uma quantidade pequena de negócios."

Outra medida que a Bovespa estuda é trazer para o pregão daqui ativos estrangeiros, entre eles, Brazilian Depositary Receipts (BDRs, recibos de empresas internacionais negociados no Brasil). A ideia é que esses BDRs sejam listados aqui independentemente do desejo da companhia estrangeira emissora. São os chamados BDRs não patrocinados, trazidos pela própria Bovespa, em acordo com os bancos depositários desses ativos.

O objetivo é conquistar os investidores brasileiro que podem aplicar no exterior. Os fundos multimercados, por exemplo, já podem alocar até 20% do patrimônio líquido no exterior e os fundos de renda fixa, até 10%. Os fundos para cotistas com aplicação mínima de R$ 1 milhão podem investir até 100% do patrimônio. Já o percentual para os fundos de pensão subiu de 3% para 10%, mas se calcula que hoje eles tenham apenas 1% fora do Brasil. "Com os BDRs, queremos conquistar essa parcela dos fundos e das fundações que pode ir para o exterior", diz Ziegelmann. "Ao mesmo tempo que eles (os fundos) investem fora do país, conseguimos fazer com que não saiam da Bovespa", explica.

Em outras bolsas, já são negociados vários papéis estrangeiros. Ziegelmann cita o exemplo da Bolsa do México, onde há negócios com ETFs (Exchange-Traded Funds) dos índices da Bolsa de Nova York (Nyse). O projeto dos BDRs na Bovespa ainda está em fase inicial, cuidando do aperfeiçoamento das regras de listagem das companhias internacionais no pregão brasileiro.

 

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