VisaNet: tem caroço nesse angú!

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Analisando a reportagem que hoje li no Valor Econômico - nenhuma novidade para quem acompanha o mercado- há uma oficialização, pela 3ª ou 4ª vez do lançamento de ações da VISANET. Fico me perguntando, quando o mar estava repleto de peixes e peixões, a visanet lança a idéia de ofertar ações e retira o projeto nas primeiras explanções públicas da crise subprime em meados de 2007 - projeto que era antecessor ao de seu "concorrente" a Redecard. A Redecard lançou sua IPO, e meses se anunciou a IPO da Visanet. Especulaçã, glórias e valorização das ações de bancos coligados... nada! Agora, no meio de um furacão derivado de uma bolha histórica onde quanquer respiro se abre uma luz de esperança nas fontes de lodo... vem a IPO tão esperado da Visanet.
Não se trata de uma ampliação de capital mas dos principais bancos querendo dividir sua fatia com o sedento mercado no rico mercado de cartões de crédito? Será necessária liquidez por parte destes bancos ou há algo mais no olho deste furacão que nós, mortais, não estamos sabendo? Deixo em aberto...


Visanet, líder em cartões, pretende fazer oferta bilionária em junho
A processadora de cartões de crédito e débito Visanet quer finalmente desengavetar o plano de lançar suas ações em bolsa, que teve que ser adiado no ano passado em meio ao agravamento da crise. Está tudo pronto para que a companhia faça sua oferta pública inicial em junho. O registro da oferta será feito na Comissão de Valores Mobiliários nos próximos dias.A operação terá cifras bilionárias. Segundo o Valor apurou, no mínimo R$ 5 bilhões em ações serão vendidos. Mas há indicações de que a transação pode alcançar cerca de R$ 10 bilhões e certamente figurará entre as maiores já feitas no país. O tamanho da oferta não está definido, assim como o valor da empresa e o percentual de ações a ser vendido pelos quatro sócios.O Bradesco é o seu maior acionista, com 39% do capital, seguido pelo Banco do Brasil, com 31%, e pelo Santander, que herdou a fatia de 14% do ABN Amro Real. A Visa International detém os restantes 10%. Todos os sócios devem aproveitar a operação para se desfazer de parte do seu bloco e nenhum deles sairá do capital da empresa.A oferta será 100% secundária, ou seja, apenas ações dos sócios serão vendidas. Não haverá emissão de novas ações para aumento de capital porque a empresa não precisa de recursos para crescer, a exemplo da sua concorrente Redecard, que também só fez ofertas secundárias até hoje. A última aconteceu no mês passado, quando o Citigroup vendeu a totalidade de suas ações. A operação recente da Redecard deixou claro o apetite de investidores por esse negócio, que cresce apesar da crise e está intimamente ligado ao consumo interno.
Tanto Visanet quanto Redecard são responsáveis por credenciar os estabelecimentos comerciais que transacionam com os cartões. A Visanet faz credenciamento das bandeiras Visa e Visa Electron e a Redecard, de Mastercard e Maestro.A Visanet tem uma fatia de mercado de cerca de 45% e é maior que a sua concorrente. A Redecard vale hoje na bolsa R$ 18,6 bilhões e seu valor mostrou grande resiliência em meio à crise. Ontem, suas ações valiam R$ 27,70, ligeiramente acima do preço da oferta inicial, realizada em julho de 2007, quando os papéis saíram a R$ 27.No ano passado, a Visanet processou R$ 180 bilhões em operações com cartões, com uma receita de R$ 3,2 bilhões (20% superior à de 2007). A Redecard processou outros R$ 125 bilhões, registrando receita de R$ 2,3 bilhões, 22% maior que no ano anterior

Oportunidade no longo prazo

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Oportunidade no longo prazo (Jornal Valor Econômico)

Por Alessandra Bellotto, de São Paulo 30/03/2009

A crise financeira mundial jogou na lona os ativos de maior risco como a renda variável, especialmente ações de companhias com baixo valor de mercado. Os fundos dedicados a esse nicho de empresas, conhecidas como "small caps", foram duramente afetados em 2008, com prejuízo médio de 50,89% ante queda de 41,22% do Ibovespa, segundo levantamento da consultoria Quantum. Neste ano, a categoria tem desempenho melhor, mas fraco: ganho médio de 0,98% até dia 25 ante 11,32% do Ibovespa. Apesar de não se esperar uma retomada das "small caps" no curto prazo, dificilmente o investidor vai se deparar nos próximos anos com um momento tão favorável para a compra dessas ações como o atual, apontam especialistas ouvidos pelo Valor.

Prova disso é que gestores já estão se mexendo para aproveitar as pechinchas. ALegg Mason, por exemplo, que já tem um fundo de "small caps", está preparando uma nova carteira para aproveitar as oportunidades. O Itaú, com dois fundos "small caps", acaba de lançar outras duas para comprar ações de empresas pequenas que ficaram "extremamente baratas", conta o gestor de fundos diferenciados Guilherme Rebouças.

Nesta crise, comparada à Grande Depressão de 1929, com raras exceções, poucos saem ilesos. No ano passado, a primeira linha sofreu , mas os papéis de menor liquidez foram "exageradamente punidos", afirma Rebouças. E isso nada tem a ver com os fundamentos das empresas, mas com a venda maciça de ações, a qualquer preço, deflagrada pela forte aversão a risco, explica o gestor. A maioria esmagadora dos papéis de segunda e terceira linhas estavam nas mãos de investidores estrangeiros, como "hedge funds", que foram os grandes compradores nos IPOs (oferta pública inicial, na sigla em inglês).

"No pânico, tudo o que não tinha liquidez foi prejudicado", destaca o diretor daModal Asset Management, Alexandre Póvoa. Além de os preços despencarem, o volume de negociação de alguns papéis praticamente desapareceu, acrescenta o chefe de análise da Modal, Eduardo Roche. "Se a liquidez já era um problema no 'bull market' (mercado em alta), agora, num cenário de incertezas, é um desafio ainda maior."

Na visão do analista, as perspectivas para o curto prazo não são nada animadoras. Toda e qualquer corrida para a bolsa tende a ser em direção à liquidez, diz Roche. Ele ressalta que a alta recente da bolsa até incluiu empresas menores, mas esse é um fluxo de recursos que não se sustenta pelas condições de mercado e perspectivas de resultados corporativos ruins nos dois primeiros trimestres. "Este último movimento de alta foi concentrado em papéis de maior liquidez pela facilidade para entrar e sair da posição."

Exemplo disso é a diferença entre a variação do Ibovespa, que subia 11,60% no ano até sexta-feira, enquanto o índice Small Cap da bolsa recuava 1,42%. Eduardo Favrin, diretor de renda variável da HSBC Global Asset Management, diz que o mercado está desprezando muitas boas empresas e os descontos são grandes em relação ao valor patrimonial. "Há ainda companhias que estão em setores que vão passar por consolidação."

Além disso, não se espera uma nova rodada de venda de "small caps". "A grande onda já ocorreu, podemos ver somente casos pontuais", acredita Roche, da Modal. Favrin, da HSBC, no entanto, diz que ainda há estrangeiros presos em ações de baixa liquidez, o que pode trazer uma pressão vendedora, mas pequena. Assim como há dificuldade para vender esse tipo de papel, quando o cenário apontar para recuperação o investidor vai ter problemas para comprar, alerta o executivo. "Na volta do mercado, a correção virá forte", acrescenta ele.

Para Rebouças, do Itaú, entre as alternativas, o setor de construção civil se destaca. "Olhando o longo prazo, as empresas estão baratas", diz. O juro caindo para um dígito e a participação relativa do crédito imobiliário de menos 2% do PIB revelam um potencial de crescimento grande. Isso sem contar o pacote habitacional do governo brasileiro, de R$ 34 bilhões, para estimular o segmento, cujo impacto maior será no médio e longo prazos.

Há construtoras na bolsa que caíram mais de 90% no ano passado. A MRV, uma das companhias que ganham com o pacote pelo foco na baixa renda, perdeu 74,18% no ano passado e, apesar da alta de 46% em 2009, ainda tem espaço para recuperação. Já Rossi Residencial ON caiu 83,20% em 2008 e, neste ano, recuava 1,32% até sexta-feira.

O setor de bancos médios, que foi surpreendido na semana passada com medidas do governo para baixar o custo de captação, também é mencionado por Rebouças. "Há ações, como a do Banrisul, que estão abaixo do valor patrimonial." Empresas do setor de consumo, como SaraivaDrogasil e Hypermarcas, também são apostas do Itaú.

Roche, da Modal, vê oportunidades em empresas como a Ideiasnet, que pode ter crescimento forte puxado pela divisão de rede de fibra óptica para o setor de telefonia. O papel caiu 72,48% em 2008 e mais 21,34% neste ano, até sexta. Contax, maior empresa brasileira de call center, é outra citada por Roche que, além de capitalizada, será beneficiada com as novas regras de serviço telefônico que obrigam as empresas a não deixar o consumidor esperando mais de um minuto para ser atendido.

"A história é sempre a mesma, o investidor compra quando o mercado sobe e vende quando cai", afirma Fabio Alperowitch, sócio da Fama Investimentos, gestora tradicional de "small caps". Só que esse comportamento hoje pode significar abrir mão de uma chance de ouro, destaca. Alperowitch afirma que há uma percepção equivocada no mercado de que empresas pequenas sofrem mais em períodos de crise e com restrição de crédito. Segundo ele, ao longo dos últimos dez anos, as pequenas companhias aprenderam que não podem se endividar e hoje têm uma estrutura de capital mais sólida do que muita empresa grande.

"Neste momento de crise, há um rol de empresas pequenas que não precisam de refinanciamento, são focadas no mercado doméstico e vão continuar crescendo." Ele cita o caso da M. Dias Branco, grupo do setor de massas e biscoitos, que só no quarto trimestre de 2008 viu sua receita crescer 48,2% na comparação com o mesmo período de 2007. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da empresa, porém, caíram 19,44% em 2008. Neste ano, subiam 1,57% até sexta-feira.


 

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