1º Semestre de 2008: Senta e espera

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O BC americano está um passo à frente do mercado
Postado por Carlos Alberto Sardenberg em 23 de Janeiro de 2008 às 10:04
Pontos que podem ajudar a compreender melhor o ambiente global:
1. O Federal Reserve, o banco central americano, sempre tem mais informações do que o mercado. Não apenas por causa de sua formidável equipe de economistas, mais de dois mil do primeiro time, com seus instrumentos de pesquisa, mas porque toda informação econômica produzida nos EUA e quase tudo de relevante que ocorre no mundo acaba sendo comunicado ao Fed. Em seu livro A Era da Turbulência, Alan Greenspan conta que um belo dia de 1997 recebe telefonema do presidente do BC japonês dizendo que os bancos de Tóquio não estavam mais financiando bancos e empresas da Coréia. Era o sinal para crise coreana que eclodiria pouco depois.
2. Logo, se o Fed sabe mais que todo mundo, se manifesta forte preocupação com a recessão e se depois faz algo que não fazia há mais de 20 anos (um corte extraordinário de 0,75 ponto na taxa básica de juros), então é sinal de que a coisa está feia.
3. Coisa, no caso, não é queda dos mercados. Esta é consequência do que ocorre na economia real americana, que começa com uma crise do crédito. Bancos que perderam dinheiro no mercado imobiliário e negócios paralelos, não apenas têm menos recursos para financiar empresas e consumidores, como se tornam mais rigorosos na concessão de novos financiamentos.
4. Pouco mais de 60% da economia americana é movida pelo consumo das famílias, que sempre gastaram mais do que ganham. Ou seja, compram a crédito e compram do mundo inteiro. (Importações estavam chegando nos US$ 2 trilhões/ano).
5. Há, pois, um problema de redução forte do crédito numa economia movida a crédito e que representa 30% da economia global.
6. A decisão do Fed de reduzir a taxa de juros, numa paulada, a uma semana de sua reunião regular, foi para acalmar os mercados. Do ponto de vista de política monetária, reduções de juros estimulam a atividade econômica em prazos de seis meses ou mais. Logo, trata-se de tentar melhorar as coisas para o segundo semestre deste ano.
7. Desse ponto de vista, o Fed poderia esperar até a semana que vem. Mas até lá, até onde levaria o pânico dos mercados?

2 comentários:

Marcos Oliveira disse...

Augusto
Leio sempre seu blog,mas nunca comentei.Boa análise essa sua da crise americana.O q vc espera domercado até o segundo semestre?A mesma volatilidade dessa semana?
Acha q as previsões de crescimento do ibovespa terão de ser revistas?

Augusto César Willer disse...

Caro Marcos;

Hoje (26 de janeiro) publiquei uma análise do Henrique Meirelles (presidente do BC brasileiro) onde achei interessante o ponto de fim de crise que ele estabeleceu, ou seja, o momento em que ocorrerem a venda dos imóveis pós calote hipotecários e o estabelecimento definitivo do rombo na economia americana.
Acredito que para o investidor de longo prazo, o momento é de compra e o reflexo positivo de seus investimentos ocorrerão no final de 2008.
Obrigado pela frequência em leitura e continue comentando. Seu feedback é importante pra mim.

Abraços

Augusto César

 

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