Sábias palavras... E que não emergem de gurus financeiros

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Um excelente texto que demonstra a fraqueza dos mais confiáveis especialistas de finanças e economia. Uma demonstração clara de que "gurus" acertam somente nos momentos e que qualquer um com mínimos conhecimentos de economia e finanças, e que tenha coragem de se expressar, também acertaria.

O que é o mercado de ações e finanças de risco? A melhor resposta que eu teria seria tempo, ou seja, quanto menor o tempo de aplicação e quão melhor forem as empresas escolhidas ante a saúde contábel, inovação e inserção de consumo, maior será a probabilidade, eu disse: probabilidade! De sucesso.

Segue um bom exemplo de má utilização da modelagem estatísticaGreenspan e os cabeças-de-planilha via Luis Nassif - Economia on 3/18/08

Do artig de Alan Greenpan no Financial Times (reproduzido na Folha)


(...) Um segmento que sofrerá danos graves será o atual sistema deavaliação de riscos financeiros, que exibiu colapso de algumas de suaspartes mais importantes, quando exposto a desgaste severo.


(...) Os sistemas do mercado de crédito e seus graus de endividamento eliquidez têm por raiz a confiança em que as contrapartes são solventes.Essa confiança sofreu sério abalo em 9 de agosto de 2007, quando o BNPParibas revelou grandes prejuízos imprevistos em suas transações comtítulos "subprime" (alto risco) americanos. Os sistemas deadministração de risco e os modelos que os embasam supostamentedeveriam nos proteger contra prejuízos superdimensionados. O que saiu errado?


O problema essencial é que os nossos modelos tanto os de risco quantoos econométricos, por mais complexos que se tenham tornado, ainda assimsão simples demais para capturar a ampla gama de variáveis que defineme propelem a realidade econômica mundial.

Um modelo representa necessariamente uma abstração, com relação aosdetalhes plenos do mundo real.

Respeitando a antiga tradição de que diversificação representa reduçãode risco, os computadores trabalham com imensos volumes de dadoshistóricos em busca de correlações negativas entre os preços dos ativosnegociáveis, correlações que poderiam ajudar a isolar as carteiras deinvestimentos contra as oscilações mais amplas da economia. Mas quandoesses preços de ativos, em lugar de compensarem os movimentos uns dosoutros, despencaram em uníssono, em 9 de agosto do ano passado,surgiram prejuízos imensos em virtualmente todas as classes de ativosde risco.

A explicação mais confiável quanto ao desempenho tão medíocre demodelos estatísticos desenvolvidos segundo as mais modernas técnicas éque os dados subjacentes utilizados para estimar a estrutura dosmodelos são extraídos tanto de períodos de euforia quanto de períodosde medo, ou seja, de regimes que apresentam dinâmicas diferentes em muitos aspectos importantes.

A fase de contração dos ciclos de crédito e negócios, propelida pelomedo, historicamente vem sendo muito mais curta e muito mais abrupta doque a fase de expansão, propelida por um acúmulo lento mas cumulativode euforia. Ao longo dos últimos 50 anos, a economia norte-americana sóesteve em contração um sétimo do tempo. Mas é o momento em que essesperíodos se iniciam que é o objetivo dos sistemas de administração derisco. Correlações negativas entre classes de ativos, tão evidentesdurante uma expansão, podem entrar em colapso quando todos os preços deativos caem juntos, o que solapa a estratégia de melhorar o equilíbrio entre risco e recompensa por meio da diversificação.

Se pudéssemos modelar adequadamente cada fase do ciclo, em separado, eadivinhar que sinais nos indicariam que um regime está a ponto demudar, os sistemas de administração de riscos poderiam ser muitomelhorados. Um problema difícil é que boa parte do comportamento dúbiodos mercados financeiros que emerge cronicamente durante uma fase deexpansão resulta não da ignorância ou de uma má avaliação dos riscos,mas da preocupação de que, ao menos que uma empresa participe daeuforia em curso, ela perderá mercado de maneira irrecuperável.

A administração de riscos procura maximizar os níveis de retorno sobreo capital, ponderados de acordo com o risco; muitas vezes, no processo,o capital subutilizado é considerado como "desperdício".


(...) Hoje, ou pelo menos antes do 9 de agosto de 2007, os ativos e ocapital que definem uma classificação de crédito excelente, oucostumavam fazê-lo, são caros demais em termos de competitividade.


(...) Esses modelos não capturam com exatidão aquilo que foi, até o omento, apenas um adendo periférico à modelagem de ciclos de negóciose financeiros: as respostas humanas inatas que resultam em oscilaçãoentre euforia e medo, as quais se repetem de geração em geração, compoucos indícios que haja uma curva de aprendizado em ação. As bolhasnos preços dos ativos se acumulam e explodem hoje como o fazem desde ocomeço do século 18, quando os mercados competitivos modernos começarama evoluir. É certo que tendemos a classificar essas respostascomportamentais como não racionais. Mas as preocupações de quem realizaprevisões não deveriam se dirigir à racionalidade ou não das respostashumanas, e sim apenas ao fato de que elas sejam passíveis deobservação, e sistemáticas.


(...) Ou seja, nós alteramos arbitrariamente o resultado das equaçõesde nossos modelos. Mas adicionar fatores é um reconhecimento implícitode que esses modelos, na forma pela qual os empregamos atualmente,padecem de uma deficiência estrutural; eles não tratam em extensãosuficiente do problema da variável ausente. (...)


ALAN GREENSPAN foi presidente do Federal Reserve (1987-2006) e é autorde "A Era da Turbulência" (ed. Campus)Things you can do from here:- Subscribe to Luis Nassif - Economia using Google Reader- Get started using Google Reader to easily keep up with all yourfavorite sites

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