Pregão perde uma Petrobras e duas Vale

|




O mercado começa a semana em tom de ressaca, depois da grande piora na semana passada, com novos capítulos da crise financeira. Um levantamento feito pelo Valor mostra que na quinta-feira, quando todas as bolsas caíram muito, o valor de mercado (quantidade de ações multiplicada pelo preço dos papéis) da Bovespa chegou ao fundo do poço: R$ 1,87 trilhão. Esse é o menor valor de mercado da bolsa brasileira desde que a crise deflagrada pelos problemas do setor hipotecário americano contaminou o mundo, há mais de um ano (ver gráfico abaixo). Desde a última máxima histórica do Índice Bovespa, em 20 de maio, a bolsa brasileira já perdeu R$ 723 bilhões de valor de mercado. Exatamente, bilhões. Para se ter idéia do rombo, isso significa que em pouco mais de quatro meses o pregão perdeu o equivalente a uma Petrobras, com valor de mercado de R$ 312,3 bilhões na última quinta-feira, e duas Vale, com valor de mercado de R$ 206,3 bilhões. O mais preocupante desta história é que, apesar da leve recuperação do Ibovespa na sexta-feira, de 1,03%, o que se espera é que o mercado continue passando por novos chacoalhões.
"Pelos baixíssimos preços que estão as ações e pelos bons fundamentos que as companhias brasileiras ainda possuem, obviamente que o mercado deveria ser de recuperação", diz o diretor de investimentos da Fundação Cesp, Jorge Simino. "No entanto, o fluxo de recursos é soberano e, neste momento de grande aversão ao risco, ele é nitidamente de saída", afirma Simino.

O saldo líquido (diferença entre compras e vendas) de investimento estrangeiro na Bovespa no ano, até o dia 2 deste mês, está negativo em R$ 16,628 bilhões.
O grande temor dos investidores é que a desaceleração da economia americana seja grande o suficiente para contaminar a economia mundial. As expectativas com relação aos EUA mostram que há motivos para os aplicadores se retraírem. Pelas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA deve crescer apenas 0,5% este ano e 0,6% em 2009. "Esses números são assustadores, principalmente considerando que o FMI tem sempre uma visão das coisas mais positiva do que elas realmente são", diz o diretor da Fundação Cesp. Mesmo que as estimativas do Fundo estejam certas, é impossível acreditar que o mundo passará bem obrigado por um baque dessa magnitude na maior economia do planeta.
Desde que a crise financeira se agravou, em meados de julho do ano passado, a Bovespa já perdeu R$ 251 bilhões ou 12% do total. As quedas no valor de mercado das duas companhias mais importantes do pregão também são reveladoras. Entre maio (o melhor momento do mercado) e quinta passada, o valor da Petrobras caiu R$ 94,7 bilhões ou 31,4%. No mesmo período, o valor de mercado da Vale teve uma queda de R$ 160,2 bilhões ou 34%.
A dúvida sobre o crescimento da economia mundial deflagrou um processo de desvalorização no preço das commodities, o que agravou o tombo da bolsa brasileiro, altamente concentrada em papéis dessas empresas, como a Petrobras e a Vale.

0 comentários:

 

©2009 Ondas Financeiras | Template Blue by TNB