Experiências das Crises passadas

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texto de YankeePapah no fórum infomoney em 06 de outubro de 2008


Senhores,

Ao longo da minha vida acompanhei várias crises: 1964, 1967, 1973, 1986 e as várias dos anos 90. Além disso, alguns pacotes & planos econômicos com suas conseqüentes moedas: cruzeiro novo, cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro e finalmente o real atual (esqueci alguma moeda?).

Acompanho o mercado financeiro mais de perto desde os idos do início da década de 70. Nessa época, ainda estudante, ganhei um VW zero com os parcos recursos que um pobre estudante dispunha.

Corria o memorável ano de 1971, pleno milagre brasileiro, tri-campeão do mundo e com um futuro glorioso à frente; o presidente Médici pregava, como agora diz o berbe molusco, que o Brasil estava acima do mundo e que este ajoelhar-se-ia ante as evidências: "Ninguém segura o Brasil".

O obeso e infalível economista Herman Kahn, aquele do não menos controverso Hudson Institute, contestou todos os prognósticos brasileiros e foi execrado por todos aqui da grande terrinha.

Não demorou muito, apenas um ano e tanto, e veio a primeira grande crise global pós 29: a crise do petróleo. Em 1970 comprávamos petróleo a US$ 2.00 o barril, em 1973 foi a US$ 12.00! O resultado dessa crise, devido à guerra Árabe x Israel, ou como ficou conhecida: Guerra do Yon Kippur, foi um longo período de 10 anos de estagnação, inflação, conturbações políticas e outras tantas maladias.

O resultado prático, em termos 'bolsísticos' foi um longo e penoso período de baixa, crise de confiança no mercado e perdas de oportunidades.

A diferença é que agora a crise começou nos USA, onde, por razões óbvias, seria a última a sentir os efeitos do The Biggest Leverage, ou simplesmente, da picaretagem global. As razões são óbvias, menos pela capacidade dos americanos, mais pelo tamanho da sua economia. Todos sabemos que a inexorável e implacável lei da inércia aqui se aplica e prevalece. Indubitavelmente seremos severamente penalizados: nós brasileiros, o mundo e os americanos. Isto é inexorável.

Isto dito e posto fica a pergunta: o que fazer?

1. Está na hora de vender
Não tenha medo de realizar prejuízos. O conceito de stop loss é para ser aplicado nestas horas. Fique líquido por decisão própria e não por derretimento;

2. Seja patriota
Verde & amarelo são cores fortes para enfrentar a crise: US$ e ouro;

3. O prazo
Historicamente este tipo de crise dura pelo menos cinco anos. Tenha paciência e não se impressione com eventuais subidas. São os tubarões mandando o recado: comprem, a crise acabou. Compre e tome até encostar;

4. O que comprar
Acompanhe as relações P/L de ações de segmentos menos afetados pelas crises, sempre houve e sempre haverá segmentos mais resistentes. Dê preferência para empresas cujas políticas ofereçam mais dividendos; é claro que a recessão diminuirá seus lucros e conseqüentemente seus dividendos, mas, sempre vale a pena nestas horas difíceis;

5. Mantenha seu emprego
Não caia na tentação de mudar de emprego. Mantenha-se fiel ao seu empregador, converse francamente com ele e tente auscultar as dificuldades a curto e médio prazo. Lembre-se que em épocas recessivas, e já vivi várias, é melhor pingar do que secar;

6. Corte gastos
Aumente a recessão, não gaste. Poupe cada centavo que puder e invista em ações de empresas sérias. Estas, as sérias, assim como as pessoas igualmente sérias, tendem a sair mais rapidamente da turbulência por uma única e simples razão: inspiram confiança;

7. Não compre a prazo
Não compre nada a prestações, os juros subirão como foguetes e a indexação voltará antes mesmo do que você se aperceba;

8. Mantenha sua saúde
Faça exercícios e modere na alimentação. Está provado que uma pessoa corretamente alimentada tem raciocínio mais rápido e mais acertado;

9. Fuja dos gerentes de bancos
Os gerentes de bancos vão oferecer grande quantidade de serviços, seguros idiotas e um monte de papéis igualmente idiotas. Não os culpem, eles estarão sendo pressionados pelas suas diretorias para arrancar dinheiro dos clientes a qualquer custo e a qualquer preço. Não os odeie, apenas ignore-os;

10. Fique atento
As crises não tem dia e nem tampouco hora para terminar. Elas apenas começam a esvair-se sem que você se aperceba é no início da subida que se ganha dinheiro, no começo da onda 3. A onda 1 é traiçoeira...

Finalmente, antes que perguntem: há tempos vinha argumentando com meus amigos que a bolha estava prestes a explodir. Errei no tempo, não no fato. Fiz o que minha experiência determinou: vendi todos os ativos e comprei ativU$. Ainda estou perdendo porquanto o preço que paguei pelas verdinhas ainda não foi atingido, mas, pelo menos estou líquido e à espera de boas oportunidades.

E em último, mas não por último, fica meu conselho: - A crença nos governantes é o caminho mais curto para a desgraça.

Keep it cool and running

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