O texto do senhor Furuguem (retirado de análises do Banco Cruzeiro do Sul) têm a simplicidade didática para se compreender os rumos da macroeconomia em 2008. Partindo de minha natureza docente, achei interessante abordar as expectativas deste ano vindouro.
As festas se aproximam e quando chegamos ou passamos dos momentos de família e champagne chegar a hora de avaliar o que ganhamos (ou perdemos) e avaliar nossas espectativas e esperanças.
Bem, considerando o texto abaixo - muito bem escrito, como já salientado- será mesmo que a força do consumo interno será a salvação do mercado financeiro brasileiro? Quero lembrar das esperanças sobre a construção civil em 2007 que não se refletiram como verdades (vide desempenho da maioria das construtoras na bovespa).
Claro que devemos considerar que, no Brasil, a base especulativa é muito grande e o mercado "demora" um pouquinho para investir as fichas em um setor a médio e longo prazo. Mesmo assim, esta consciência mercadológica parece estar lenta para captar o espírito dos bons investimentos (ou será que não são tão bons como o previsto pelos especialistas).
por: Alberto Furuguem (furuguem@furuguem.com.br)
O fôlego da economia mundial tem surpreendido mesmo os mais otimistas. Em 2007, pelo quinto ano consecutivo, o PIB do Planeta está crescendo a uma taxa em torno de 5%, algo inédito nos tempos modernos.
Apesar do início, desde 18 de setembro, de distensão da política monetária americana, não há dúvida de que o ritmo de crescimento da maior economia do Mundo poderá refletir, em 2008, o efeito defasado da escalada dos juros promovida desde 2004. De fato, a própria crise do setor imobiliário nos Estados Unidos é reflexo da alta dos juros efetuada no período anterior à atual fase de distensão da política monetária, pelo Fed.
No terceiro trimestre deste ano, os balanços de alguns grandes bancos norte-americanos acusaram os efeitos do aumento da inadimplência dos financiamentos imobiliários (subprime) nos Estados Unidos.
O Fed, que já reduziu o juro básico de 5,25% para 4,75% em 18 de setembro e para 4,50% na reunião 31 de outubro, buscará conciliar os objetivos do crescimento com o controle da inflação. Na atual conjuntura internacional, entretanto, essa conciliação poderá não ser das mais fáceis. Se nos anos anteriores a 2004 o Fed, sob comando de Greenspan, encontrou espaço para reduzir os juros até o incrível nível de 1%, sem provocar aceleração da inflação, a mesma sorte parece pouco provável que possa ter Bernanke. Nos anos Greenspan a queda dos preços dos produtos chineses no mercado internacional ajudou a segurar a inflação. Agora está acontecendo justamente o contrário.
Então, não será surpresa, se, desta vez, o Fed tiver que suspender o atual processo de baixa dos juros mais cedo do que se imagina. O próprio nível já alcançado pelo preço do petróleo sugere que o espaço para afrouxamento da política monetária pelo Fed deverá ser bem menor agora. Evitar que a economia americana entre em recessão será, então, o principal desafio do Fed nos próximos meses.
De outro lado, ironicamente, a China vem encontrando dificuldade para desacelerar o crescimento do seu PIB. Os juros estão sendo elevados e a inflação já subiu bastante na principal
locomotiva da economia mundial.
É provável que a resultante do encontro entre as tendências das economias americana (chamada
de shopping center do Mundo) e chinesa (chamada de fábrica do Mundo) seja um menor crescimento do PIB Mundial. Seria o “pouso suave” da economia mundial, há muito esperado.
A meio termo estará a Europa com crescimento modesto (2%) em parte explicado pela valorização do Euro (que afeta a competitividade). Os principais países africanos produtores de petróleo ainda estarão em posição confortável, diante das receitas produzidas por essa commodity e os emergentes latino-americanos (como o Brasil) poderão ainda desfrutar dos benefícios dos preços ainda elevados dos produtos primários.
Enfim, o que parece pouco provável para 2008 é a sustentação do mesmo ritmo de crescimento
da economia mundial nos últimos cinco anos.
Apesar do início, desde 18 de setembro, de distensão da política monetária americana, não há dúvida de que o ritmo de crescimento da maior economia do Mundo poderá refletir, em 2008, o efeito defasado da escalada dos juros promovida desde 2004. De fato, a própria crise do setor imobiliário nos Estados Unidos é reflexo da alta dos juros efetuada no período anterior à atual fase de distensão da política monetária, pelo Fed.
No terceiro trimestre deste ano, os balanços de alguns grandes bancos norte-americanos acusaram os efeitos do aumento da inadimplência dos financiamentos imobiliários (subprime) nos Estados Unidos.
O Fed, que já reduziu o juro básico de 5,25% para 4,75% em 18 de setembro e para 4,50% na reunião 31 de outubro, buscará conciliar os objetivos do crescimento com o controle da inflação. Na atual conjuntura internacional, entretanto, essa conciliação poderá não ser das mais fáceis. Se nos anos anteriores a 2004 o Fed, sob comando de Greenspan, encontrou espaço para reduzir os juros até o incrível nível de 1%, sem provocar aceleração da inflação, a mesma sorte parece pouco provável que possa ter Bernanke. Nos anos Greenspan a queda dos preços dos produtos chineses no mercado internacional ajudou a segurar a inflação. Agora está acontecendo justamente o contrário.
Então, não será surpresa, se, desta vez, o Fed tiver que suspender o atual processo de baixa dos juros mais cedo do que se imagina. O próprio nível já alcançado pelo preço do petróleo sugere que o espaço para afrouxamento da política monetária pelo Fed deverá ser bem menor agora. Evitar que a economia americana entre em recessão será, então, o principal desafio do Fed nos próximos meses.
De outro lado, ironicamente, a China vem encontrando dificuldade para desacelerar o crescimento do seu PIB. Os juros estão sendo elevados e a inflação já subiu bastante na principal
locomotiva da economia mundial.
É provável que a resultante do encontro entre as tendências das economias americana (chamada
de shopping center do Mundo) e chinesa (chamada de fábrica do Mundo) seja um menor crescimento do PIB Mundial. Seria o “pouso suave” da economia mundial, há muito esperado.
A meio termo estará a Europa com crescimento modesto (2%) em parte explicado pela valorização do Euro (que afeta a competitividade). Os principais países africanos produtores de petróleo ainda estarão em posição confortável, diante das receitas produzidas por essa commodity e os emergentes latino-americanos (como o Brasil) poderão ainda desfrutar dos benefícios dos preços ainda elevados dos produtos primários.
Enfim, o que parece pouco provável para 2008 é a sustentação do mesmo ritmo de crescimento
da economia mundial nos últimos cinco anos.
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